Verdades inconvenientes nascem de perguntas inconvenientes
Colaboração: Sérgio Amadeu (http://samadeu.blogspot.com/)
A ABES, Associação Brasileria de Empresas de Software, divulgou recentemente
uma pesquisa que está sendo utilizada pelos seus membros e pela Microsoft
para atacar o software livre no programa PC para Todos.
O programa PC Conectado, hoje, PC para Todos, foi um sucesso e ampliou a
base instalada de software livre no Brasil. Isto fez com que a microsoft
começasse a baixar os preços de suas licenças e tentar de todas as formas
impedir que as máquinas saissem de fábrica com 26 softwares livres
instalados. A concorrência promovida pelo software livre teve como efeito
imediato a redução do preço das licenças de software proprietário, para o
desgosto do monopólio.
Para tentar conter o avanço do software livre, uma das estratégias do
monopólio é pagar todos os anúncios publicitários das empresas de
hardware. Por isso, lemos propaganda de computadores nas páginas de jornal
com o seguinte texto: empresa tal recomenda M$. Obviamente se fizermos o
balanço contábil do que a empresa de hardware paga para a microsoft e
retirarmos o que a microsoft paga em anúncios e promoções podemos perceber
que ela está quase dando suas licenças gratuitamente. Mas isto não é uma
prática anti-concorrencial? Sim. O CADE irá agir?
Agora, a microsoft coloca uma propaganda na TV que dá a impressão que o
software livre é um software pirata ou ruim, sendo que o software instável e
repleto de vírus é o deles. Isto não seria uma propaganda enganosa? E o
CONAR (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária ) fará algo?
Por fim, algumas perguntas sobre a pesquisa da ABES precisam ser feitas:
1. Por que uma pesquisa feita em junho foi divulgada somente agora? Será que
é para impedir as vendas de computadores com software livre na véspera do
Natal? Será que é para influenciar na montagem do novo governo Lula?
2. Por que a pesquisa não peguntou quantas máquinas com start edition, da
microsoft, foram trocados por windows pirata?
3. Por que a pesquisa da ABES não quis saber quantos computadores vendidos
somente com windows serve para a instalação de todos os demais softwares
piratas? Ou será que a ABES não sabe que somente a licença para o Office
(pacote de escritório da m$) custa R$ 1200,00 (mais que o computador)?
4. Por que a pesquisa foi feita somente em dois estados ou segundo está
escrito "nas Unidades Federais de São Paulo e Paraná"?
5. Por que a ABES não faz uma pesquisa para saber qual o grau da pirataria
geral no país? Será que é porque ela descobrirá uma verdade inconveniente:
a pirataria é que mantém o monopólio da microsoft. Quantas pessoas que
compram computadores que custam R$ 1800,00 gastariam mais R$ 1400,00
somente nos demais aplicativos da m$, sem falar no Corel, no Photoshop,
entre outras licenças.
Acho que a tentativa de manter o monopólio tem limites. A concorrência é
melhor, reduz custos, melhora a qualidade e, por isso, devemos defendê-la.
Não seria o caso, do CADE, do Ministério Púbico Federal e outros órgãos de
defesa da concorrência entrarem em ação?
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