05 junho, 2007

[submidialogia] Xemelizando o sistema

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From: Vitorio Amaro
Date: May 31, 2007 6:45 PM
Subject: [submidialogia] Xemelizando o sistema

oi Sergio,

Acho que esse texto é pertinente a discussão do diversidadedigital,

abs

V.A.



Xemelizando o Sistema

A diversidade de "conteúdo" na rede depende da diversidade de "sistemas"


Facilitando a Colaboração


Se queremos que as pessoas colaborem, e construam uma internet livre, é preciso que as tecnologias se desenvolvam nesse sentido. A natureza da internet pode ser descentralizada e anárquica, mas o uso que as pessoas fazem dela depende do desenvolvimento de tecnologias que possibilitem este uso. Estamos falando aqui tanto de software, como de infra-estrutura física, de hardware e de telecomunicações.

Mas pensar uma internet mantida colaborativamente não é simples. Ainda não existe a cultura de uso da responsabilidade compartilhada na internet. Projetos como a wikipedia ou wikimapia são excessões e normalmente mantidos por "geeks".

Como tornar a prática colaborativa no ambiente digital algo natural? Com formação? Escolas na internet? Talvez tudo isso, mas uma coisa acima de tudo: familiaridade com os sistemas.

Sistemas são metáforas. Cada pessoa tem a sua. Sistemas devem ser múltiplos. Múltiplas maneiras de organizar informações, idéias e dados. Isso sempre foi assim. Cada povo organizou seu calendário de uma maneira, seu idioma, sua sociedade. Cada grupo usa seus linguajares característicos, organiza as coisas de determinada maneira.

A única maneira de as pessoas colaborarem de forma natural e orgânica é a tecnologia se tornar transparente. As pessoas usam o telefone com tanta desenvoltura para se comunicar hoje em dia porque ninguém pára para pensar que está usando um telefone quando está falando com alguém: está pensando apenas na conversa.

Se investirmos em uma tecnologia que privilegie o controle e a centralização da produção, não há milagre que faça que as pessoas se comportem de maneira diferente em relação a ela. Se na tela da minha TV Digital aparecer apenas as opções "assistir canais" e "fazer compras" não adianta me vir falar de outras possibilidades.

As escolhas pelos caminhos de desenvolvimento devem ser coerentes com a cultura de uso que se espera que nasça. É preciso que se multipliquem possibilidades de metáforas para as pessoas interagirem com a máquina.

Nunca se chegará ao sistema perfeito, que torna a colaboração entre as pessoas e a organização de ideias compartilhadas algo tão natural quanto pensar e conversar. Isso porque as pessoas são diferentes: pensam e conversam de maneiras diferentes. Por isso é necessário que se criem muitos sistemas. Quanto mais melhor.

Contudo esses sistemas podem conversar entre si. A essência das mensagens trocadas internamente dentro dos diversos sitemas são sempre semelhantes. Se todos os sistemas tiverem suporte a um protocolo comum, eles facilmente conversarão. E cada pessoa poderá usar o que mais lhe agrada, e estar conectada com toda a rede, como deve ser.

Isso não significa que todos devem falar a mesma língua, ou que os sistemas tenham que ser todos semelhantes. Isso significa que os sistemas devem ser inteligentes. Por mais específico e único que um sistema possa ser, é possível que ele troque informaçoes com outras plataformas.

Um exemplo realmente muito simples disso hoje em dia é o RSS, que permite a troca de informações entre sites. Usado normalmente para alimentadores de notícias e de blogs, a potencialidade desse tipo de protocolo ainda é pouco explorada.


Compartilhamento consciente

Compartilhar não é um ato passivo de 'deixar levar', mas um ação positiva de 'tornar disponível'.

Desenvolver um software é uma coisa. Desenvolver um software e documentá-lo bem é outra coisa. E, se pensarmos bem, só esta segunda pode ser considerada desenvolvimento de software livre.

Para que alguém possa se apropriar de um código e colaborar, é preciso que haja documentação acessível e bem organizada. Se não houver, o software fica necessiaramente ligado a pessoa que primeiro o desenvolveu, e o fato de o código ser aberto não dá grandes possibilidades de evolução espontânea e caótica.

O mesmo acontece com cultura e conhecimento. Apenas fazer upload desordenado de milhões de coisas não necessariamente enriquece o repertório do videomaker que procura uma música para seu vídeo. É preciso uma cultura de uso de publicação de forma organizada.

As interfaces de compartilhamento devem tornar a classificação algo natural e orgânico. Isto pode ser a colocação de tags, ou qualquer outra maneira de indexação que venha a surgir.


Software Livre e o desenvolvimento de Softwares

Recorrentemente citamos o fim da divisão "emissor vs receptor" quando falamos em tecnologias digitais para comunidação.

No entanto nos esquecemos que, quando falamos de software livre, estamos falando a mesma coisa. Estamos falando do fim da distinção entre usuário e desenvolvedor. Tanto no sentido de que o usuário é um participante ativo no desenvolivmento do software, na medida em que ele faz parte da comunidade e colabora de alguma maneira, como também estamos falando da possibilidade de qualquer pessoa se apropriar de códigos alheios e passar a ser o desenvolvedor de seu próprio software.

Com código e documentação abertos este cenário é uma realidade.

É preciso que incentivemos:

. desenvolvimento de software livre - sempre bem documentado
. desenvolvimento de protocolos de comunidação que podem servir como base de troca de dados entre sistemas
. infra-estrutura física e de software que permita a descentralização, assim como as redes mesh extinguem a necessidade de uma grande antena central

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